A quem interessa investir na preservação do patrimônio cultural da humanidade?
Quando nos deparamos com a decadência do patrimônio cultural no Brasil, pensamos de imediato na (ir)responsabilidade dos governos, obviamente.
Falta de investimentos em recursos básicos levaram à extinção de milhares itens irreparáveis do acervo do Museu Nacional, localizado no Rio de Janeiro.
A falência das políticas públicas e a recente tragédia ocorrida com o Museu Nacional no Rio de Janeiro abrem espaço para a seguinte reflexão: a quem interessa propor soluções para que o patrimônio cultural seja valorizado e preservado? Se o governo pouco faz, o que pessoas e empresas podem fazer para ajudar a evitar outras perdas? Vale a pena agir?
Se olharmos para fora do Brasil, entendemos que sim, não só vale a pena, mas como pode ser um excelente negócio para todos, investidores e usuários. Veja aqui algumas propostas inovadoras:
1. OhAhCheck!
É um aplicativo que permite ao usuário obter e compartilhar informações sobre museus e locais históricos. Funciona como uma rede social de pessoas interessadas em arte e cultura permitindo que os próprios usuários interajam entre si, troquem conhecimentos e experiências e até organizem crowdfundings.
2. Helm
O projeto ainda não saiu do papel mas já recebeu um prêmio do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT) pela criatividade. A ideia consiste em um scanner 3D fácil de operar que preserva virtualmente obras de arte de grande porte (como monumentos, construções e esculturas) e auxilia na restauração e preservação do patrimônio cultural das cidades. Helm permite registrar os monumentos com riqueza de detalhes incluindo cor, textura e geometria das superfícies.
Os criadores da Helm Mitchel Gu e Crystal Wang recebendo o prêmio de terceiro colocado na competição de startups organizada pelo MIT.
3. Micro
Os “micros” são mini-museus do tamanho de máquinas de doces instalados em espaços públicos como estações de metrô e salas de espera. A ideia é levar educação e cultura de alta qualidade e gratuita bem como a ressaltar a importância do patrimônio cultural para pessoas em locais distantes e menos privilegiados. A divulgação do conhecimento oferecido pelos museus é peça fundamental para a geração de interesse e valorização desses espaços.
Os museus em miniatura utilizam o storytelling para promover o acesso ao conhecimento e atrair interesse para os museus
4. DeFrame
O DeFrame é uma plataforma digital que oferece para os gestores do museu uma base de dados sobre o engajamento do público com o conteúdo ali exposto. A ideia é oferecer uma ferramenta capaz de aumentar a interação dos visitantes do museu bem como coletar informações valiosas aos gestores acerca de como o público está interagindo com cada peça exposta, quanto tempo leva, grau de satisfação, etc. O aplicativo tem versões gratuitas e pagas para visitantes e gestores e serve como ferramenta auxiliar em estratégias de marketing.
5. Museum Next
De todas as inovações listadas aqui, a mais antiga. Em 2009 a Museum Next apareceu para reunir gestores acerca das discussões sobre o futuro dos museus no mundo. De lá pra cá, a organização reuniu mais de 2 mil profissionais de vários lugares, incluindo, gestores do Tate Modern, do Museu do Amanhã e do MOMA em várias conferências e workshops que abordam diversos temas ligados a preservação do patrimônio cultural tais como o uso de novas tecnologias para restauração, novos processos de trabalho, estratégias de marketing, etc.
Conferência da Museum Next de 2015 em Genebra, na Suiça.
É importante ressaltar iniciativas como essas que partem de pessoas e organizações podem ser de grande ajuda na preservação do patrimônio cultural da humanidade, mas jamais substituirão a vontade pública manifestada pelo Estado, que é a quem cabe assegurar o acesso universal à cultura e a educação.